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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bolo na Roça: Um doce caminho

Três mulheres do Barrocão chegaram ao sucesso com apenas força de vontade e um forno



 Foto: Asscom 
A emancipação da mulher nos dias de hoje é um assunto corriqueiro em pautas contemporâneas. Médicas, engenheiras, secretárias, ministras, promotoras. O lugar mais importante da nação hoje é ocupado por uma mulher. De acordo com estudos, o sexo oposto cresce gradativamente em todos os cenários pela sua capacidade de articulação, precisão e pluralismo. Certo, fato! Mas o empoderamento feminino das classes C e D apresentam um novo amanhecer. Sair da reação para ação, o querer ser útil pelo que se sabe fazer é o que está em voga.

O Barrocão, área rural do município de Uruçuca, é o palco do protagonismo feminino de três amigas. Um projeto de nome que dá água na boca é genuinamente do campo e surgiu das mãos de Marilucia Santos da Silva, Lucimeire Monteiro dos Santos e Celice Conceição Monteiro. “Nós começamos do nada, pela simples vontade de ser útil”, disse Marilucia, a coordenadora. Elas arranjaram um forno e tocaram a boleia pra cidade, como se costuma dizer por lá. Ela inda destacou que o batizado do nome do “filho” foi natural: “Bolo na Roça”.

Quinzenalmente era o período que as três começaram a fazer bolos e saírem pelas vicinais e ramais da região vendendo em porta em porta. De acordo com ela, a recepção foi de imediato em colégios e vendas. Essa iniciativa se deu há um ano após o amadurecimento de um bolo de idéias guardadas de muito tempo. O bolo que estava fadado a solar ganhou uma nova receita de vida quando a pró-ação configurou-se nessas três parceiras que se permitiram inovar através da perseverança, força de vontade, muito amor e um forno. “Desde sempre a minha vocação é culinária”, falou da Silva.

O projeto pioneiro chamou atenção da secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Uruçuca. Há três meses a pasta inscreveu o “Bolo na Roça” no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, o qual Uruçuca é contemplado. Para Lucimeire Monteiro, essa parceria só veio a somar. “O apoio recebido fez a gente se aperfeiçoar e mostrar mais nosso trabalho”, explicou.

A boa nova do sucesso correu a vizinhança aguçando boatos, críticas e comentários pessimistas. Para a secretária de Desenvolvimento Econômico, Cinira Fernandes, é normal essa reação de desprezo ao que se refere o novo, mas ela alerta que o objetivo é contaminar outras mulheres em outras áreas do campo. “Temos que reagir contaminando para que novos projetos de protagonismo surjam”, vislumbrou.

De acordo com o prefeito Moacyr Leite Junior, o exemplo desse projeto deve ser seguido por outras trabalhadoras rurais que buscam por sua independência financeira. “O brilho desse projeto se deve a espontaneidade de como começou”, disse. Ele ainda ressalta, que a prefeitura através de suas secretarias deve servir como “olheiras” para identificar novas empreendedoras. “É assim que se respeita o povo, principalmente da área rural que tanto tenho carinho especial”, completou.



Banco do Nordeste

Através do esteio da Prefeitura, as meninas do “Bolo na Roça” firmaram convênio com o Banco do Nordeste para viabilizar mais equipamentos de trabalho, para reformar o espaço físico, adquirir roupas, e capital de giro. Para Fernandes, é só se organizar que dá para participar de microcrédito e editais. “Esse empreendedorismo é bem visto aos olhos do Banco do Nordeste e elas conseguiram”. Cinira ainda destacou a inscrição em editais da SETRE- Secretaria de Estado do Emprego Trabalho Renda e Esporte para fomento da proliferação de novos pontos. “Com esses editais vamos tentar implementar dez unidades desse projeto em nosso município”. Ainda segundo ela, esse projeto é a prova que não é só a mulher urbana que está tomando as rédeas da casa e contribuindo para o orçamento familiar. “Essa iniciativa partiu do campo e isso serve como bom exemplo”, cutucou.



Casa do Idoso

Durante a semana, de segunda a quinta, elas desenvolvem o trabalho direcionado as escolas. “Nas sextas-feiras nós três vamos à cidade para resolvermos problemas referentes ao nosso projeto”, pontuou Marilucia. A Casa de Apoio ao Idoso é o ponto de encontro. Lá a coordenadora Marinalva Brandão, especialista em comida alternativa, instrui o trio do Barrocão novas receitas. Segundo Brandão, a riqueza da região sul da Bahia não pode ser menosprezada e sim valorizada. Ela ainda salientou que o caminho é reaproveitar. “O desperdício no Brasil é muito grande e a maior parcela é feito pelos menos favorecidos”, criticou.

Na última sexta-feira, 09, a nova receita passada pela coordenadora foi a “Farofa Multimistura”. Folhas de chucho e quiabo, casca de banana, flocos de milho, mortadela (muito presente na mesa da população rural) e a tradicional farinha nortearam o preparo. Segundo Brandão, foi comprovado que a farinha, no sertão, é responsável pela longevidade dos sertanejos. “Servir essa farofa torna-se indispensável acompanhamento”, sublinhou. Para ela a “Farofa Multimistura” contém todo valor nutricional de uma refeição. “Todos os ingredientes são da nossa terra”, findou.

Acompanhou a farofa uma moqueca de banana da prata e de sobremesa bolo de banana da terra. Para as alunas da rede pública de ensino que participaram da degustação aprovaram. “Não percebi o que tem dentro, mas o gosto é ótimo”, disse a estudante do São Lucas Lilian Santana. Já para a aluna do Emmac, Tamiles Reis, caracterizou a comida como novidade. “Os alunos vão adorar esse sabor de novidade”, disse.



A rede

O processo de emancipação dessa história atrela-se a uma rede que envolve desenvolvimento econômico, educação e assistência social que é sólida na atual gestão de Uruçuca. Para a secretária de Educação, Célia Farias, esse projeto é uma maneira de aproximar os alunos dos produtos agrícolas típicos da região. “Muitas vezes os alunos têm preconceito com as frutas da nossa região e com essa diversificação a aceitabilidade é bem maior”, comparou. Projetos como esse, para a secretária de Assistência Social, Alice Sena Gomes, trazem benefícios ímpares no sentido de inclusão e autonomia. “Esse projeto é louvável uma vez que emancipa”, elogiou.

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